quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Um brinde!



Nem tudo na vida tem começo, meio e fim. Algumas acontecem já com gosto de partida, ou surgem "do nada", como o cheiro de pipoca que invade o alfato: assim, de repente. É dessa forma que parece acontecer tudo o que mais nos toca, seja positiva ou negativamente. Um amor surge assim: quando não se está prestando atenção, ou uma amizade eterna, ou até mesmo uma perda, um ponto final em uma história doída (ou mesmo doida)... Falar da vida como algo ordenado é uma loucura, já que o que parece contruí-la é mesmo um conjunto de desordens que de alguma forma se encontram e colorem o viver. Clarice mesma disse, "não precisa fazer sentido".
E é cheia de paradoxos, receios, dúvidas, sonhos, músicas e poemas no coração que espero de 2010 desordens. Daquelas que me peguem de surpresa, me ensinem a querer mais, a sonhar mais, a duvidar mais e a criar muito, muito mais.

Nesse post diferente, desejo a você que me lê o mesmo que espero pra mim. Que no ano novo, que é claro, carrega com ele tudo que de mal resolvido ficou, seja colorido e cheio dessas pedras preciosas no caminho, que de uma forma ou de outra, muitas vezes nos obrigam a parar, olhar e mudar a direção.

Um brinde à caminhos e cores novas, e às surpresas de 2010.
E um (des)brinde à pressa, que o tempo por si só, já passa rápido de mais...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Fora da ordem




A menina era pequena, mas sentia-se grande. Sabia, tinha certeza que havia nascido já crescida,
e dessa idéia não largava e nem conseguia, já que em volta todos pensavam: "que incrivel! Uma menina tão pequena já crescida!"
A menina então passou pelos anos da infância como se fosse adulta e na mais dura realidade, brincava de faz-de-conta. Mas dessa brincadeira, ninguém participava: à sua volta, só seriedade. A menina percebeu cedo que a vida adulta na hora errada era antônimo de felicidade. E quis brincar de ser criança, mas não podia desapontá-los, eles gostavam tanto de vê-la crescida!!
A menina do grande coração, cedeu então, e viveu uma mulher quase adulta, no corpo de menininha. Até crescer de verdade, e então, assumir-se menina. Precisava da mininice, e fez do primeiro parágrafo um rascunho. Depois das ultimas linhas da "infância-de-gente-grande", deu um ponto final.
E chegando à idade adulta resolveu abrir um parênteses e correr atrás de borboletas.

A menina, mocinha, mulher não tinha mais pressa, encheu seu viver de divertidas reticências...

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Amor maior do mundo



Dia de esperança
do nascer do menino
do Deus
do homem
do amigo

Ele tudo sentiu
como você e eu
dor, medo, frio, calor
Sentiu fome, sede,
desejou não sofrer

Mas Ele era plano de Deus
era amor, era ligação, era perdão
e ainda é
Por que seu amor não está preso nos ponteiros
de um relógio qualquer
nem muito menos é obrigação
o amor Dele é liberdade
é união

Amor de perto, íntimo e pessoal
de um Deus que me entende, me conhece
E com esse amor, me relaciono
amadureço, choro, entrego e vivo
E foi nesse dia simbólico
que tudo começou
que esse amor nasceu, se fez presente
se fez eterno

Pra sempre o mesmo
sem tempo
sem regra
sem nó.

O amor Dele é sem fim e é um só.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Amores e dores



Amores e dores
Fica aqui, perto em mim
Juntam-se numa valsa
bailam no mesmo ritmo

Sem um, o outro não é
imagina querer o perfeito
não é óbvio, não
Amar é viver na loucura do outro
é enlouquecer na sobriedade do ser
sozinho, juntos
apenas perto

Solidão não nasce só de dor
por vezes solidão nasce de amor
ou faz o amor morrer, desvanecer
que seja

Sempre vale a pena
o amor doido
amor doído
amor indevido
amor que queima
e acalma
amor que entrelaça a alma

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Matemática do afeto



O quarto em que dormia era pequeno, apertando de forma quase que concreta todos os seus desejos pela vida. Numa das paredes, num quadro de cortiça pendurava lembranças já perdidas, tão distantes que pareciam nunca terem de fato se vestido de realidade. Uma única foto da infância, onde se sentia um menino abandonado, uma história que ainda doía. Quase não teve referências, pouca base, tantas carências que ainda o acompanhavam. Do cantinho podia-se ver também uma foto bem pequena, de alguém que por alguns anos o influenciou, mas que pelo balanço da vida, havia partido mais cedo. Ele sentia que havia sido cedo de mais. A terceira foto, guardava momentos de uma viagem de encontro à América do sul, onde (re)conhecia partes de si mesmo. Na parede do lado oposto, a cama ficava encostada, e era onde ele costumava se contorcer durante pesadelos muito longos, ou se encolher diante de um sonho gigante de mais para si. Na parede da frente, estava a porta do quarto e sobrava pouco espaço, onde havia há muitos anos ocupado com um pôster dos Stones. Por vezes pensava em trocar o pôster, quem sabe por outros tantos que o enfeitiçavam, mas ele não conseguia, era como se o pôster contasse sua própria história, e dentro do quarto somavam um universo só seu. Por fim, a parede da janelinha, de onde mal se via o céu, segurava um ar-condicionado do-tempo-da-vovó, que mais parecia um motor de fusca. Eram quatro paredes que o acolhiam, onde podia ser ele mesmo, meditar, gritar, pensar de mais e dormir com as mãos entrelaçadas.

Mas fora do quarto, era apenas um menino. O mesmo da foto, assustado, brincando de ser. Para ele, o mundo parecia grande de mais. Talvez tudo o que mais desejasse era dividir com alguém as três fotos, o pôster, o barulho do seu ar-condicionado e o tanto que aquelas quatro paredes tinham pra contar... Mas era dificil de mais, era arriscado de mais, medonho até. Como falar em dividir com quem nunca pôde ao menos receber?

O menino não tinha aprendido a compartilhar, não sabia que na matemática do afeto, era preciso dividir para somar.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Sentindo




Sinto tanto
que sentindo
sei que falta
sentido

Sentido santo
insano
insensato

Tanto falta
sentido
que sinto
que sei

Não sei nada
sucinto
só sinto.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Primeira pessoa



Esse post será na primeira pessoa, um post meu mesmo, do inicio ao fim. Pensei em escrever um pouco como fazia na adolescência, sem preocupar-me com censuras, com besteiras ou arrependimentos. Houve uma época em que pensei que escrever sobre coisas boas, felizes, perfeitas era quase que impossível. Achava que só no meio da dor, do nó, da saudade e do desamor o texto era bom, pois as palavras jorravam como numa queda d'agua. Continuo acreditando que na "fossa" tudo parece mais poético, que da melancolia se faz arte: música, poesia, cartas jamais enviadas, rabiscos que viram desenhos, o caos que de alguma forma encontra criatividade. Encontro beleza na dor, e acredito ser essa também uma arte na vida. Mas hoje estou alegre, muito alegre! Nos ultimos dias, meus olhos puderam apreciar belezas indescritíveis, incomparáveis. Pude não só ver, mas sentir a areia fofa, o sol na pele, a temperatura fresca do mar, o abraço do vento, a simplicidade que a vida pode ter. Viajar é tão natural para mim, tão vital. Meu coração sentiu o renôvo das marés, o pôr do sol,  os abraços diários de quem me parece completar. Senti também a humildade do menino guia, que deixou meu coração cheio. Encontros, que são raros, mas tão marcantes. Sinto que jamais esquecerei daquele olhar de criança, misturada com uma vida adulta. Os olhos verdes marcantes da menina, a risada do nordeste, risada mole, que continua, que leva com ela as preocupações, as inúteis preocupações com o amanhã... Vida mansa? Não se trata disso. Mas certamente, um sorriso leve, uma força extrema e uma certeza de que a terra que têm é rica e bela, muito bela.

Sempre que volto de um lugar diferente, de um momento único, sei que parte de mim ficou ali. Com a fotografia, tento capturá-las, segurá-las num breve instante, até a eternidade. Tento transformar o que vejo em sentimento, e me contento, pois sei que de alguma forma, nas cores, no olhar, guardei um pouco de mim, um pouco do meu encontro com todo aquele universo. Universo este, que se torna um tanto particular agora.

Obrigada, obrigada, obrigada!

"Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação
para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as
praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como,
afinal, as paisagens são."
Fernando Pessoa


"Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração" Henri Cartier-Bresson



terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Despedidas


A novidade caiu como uma bomba, e assim, não mais que de repente, o fluxo de sua vida mudou. Sentiu o estômago revirar, tinha certeza que estava pálida e que sua boca havia ficado seca, as palavras lhe faltavam. Mas era mesmo aquilo, ele estava partindo, pra bem longe, num caminho que poderia se tornar sem volta pro coração de Bia. Ela sabia disso. Pela primeira vez, deu-se conta do quanto ele havia se tornado importante pra ela. Seria apenas carência, necessidade de alguém ou teria encontrado amor, aquele que gostava tanto de filosofar sobre, guardando no fundo um imenso medo da descoberta? Estavam juntos há praticamente dois anos, mas Bia nunca havia se entregado verdadeiramente àquela relação. Buscava o que pra ela era como o equilíbrio, dava-se pela metade, a outra metade incobria, permitia que realizasse outros desejos, com aquela alimentava fantasias à parte. Dessa maneira, não precisaria descobrir todos os riscos e aventuras daquele amor. Ela, que se dizia tão desapegada, tão livre, havia percebido finalmente o quanto devia ter valorizado aquele que estava sempre ali ao lado, doando-se dia após dia. Mas foi quando ele disse:
- Vou pra não voltar.
- Nem para um filme com pipoca? - Ele sorriu. Ela sabia mesmo num momento como aquele, usar seu charme e tirar o foco da questão principal. Ou melhor, não sabia, não tinha idéia de como lidar com mais uma ferida.
- Você não quer me dizer nada? - Como ele a amava, ansiava por alguma troca.
- Eu te amo, vou sentir a sua falta como um buraco negro dentro da alma, não sei como irei conseguir... - Os olhos enchiam-se de lágrimas puras, todas as sensações dela eram verdadeiras, pena serem tão efêmeras. Ele a abraçou forte, deixou que algumas lágrimas também rolassem, sem que ela notasse.
- Meu amor, você nunca soube... você não soube. - Suspirou.
- O que? Te olhar com ternura? Dividir com você minhas dores?
- Não... o que você não soube foi ser inteira. E eu preciso ser inteiro, não quero mais só uma parte de ti. - Ela entendia os motivos dele, entendia aquele momento, entendia sua incapacidade. Ela só não conseguia entender o sofrimento, aquele buraco, já sendo cavado ali mesmo. Não entendia como, se havia se guardado tanto, se havia sentindo interesse por outros e até sentido que poderia amar outra pessoa, se havia buscado sempre refúgio em si mesma, desapego, sem cobrança, sem amarras. Ela não entendia. Mas sua falta de entendimento não lhe levaria mais a lugar algum. Agora, só os sapatos largados na sala, o CD do pearl Jam, os livros que dividiram, a taça de vinho da noite anterior, as lembranças cravadas, o cachorro dele, a parte dela mesma que havia indo embora junto com ele. Jamais reencontraria aquela parte.
Ela não entendia. Não vivia. Não queria.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Lia e a lua


Era quase meio dia. Mas ela não viu a manhã passar, muito fez e pouco apreendeu, como se de algum modo, tivesse entrado no automático novamente. Dando-se conta daquele sentimento, parou e tentou olhar para a sua vida, mas já era hora de voltar ao trabalho. Não gostava do que fazia não se sentia feliz ali entre as baias de uma empresa esquisita, mas de alguma maneira lhe parecia viável, "correto". Quando jovem, Lia detestava o termo, mas atualmente havia-se reconhecido como alguém que não buscava outra coisa. Ela não saia do óbvio, do esperado, do "certinho". Nem um chopp a mais, nem um minuto além do previsto, nem um segundo de atraso, nada de mais cinco minutinhos na cama, uma viagem inesperada então nem pensar! Vivia de forma medíocre, mas não sabia. Ela havia alcançado um estado de cegueira que a cercava por todos os lados. Não era apenas uma cegueira visual, mas emocional, espiritual e sensitiva. Porém, ainda que anos tivessem se passado daquela maneira, por algum motivo, hoje ela havia notado. Naquela fração de segundos entre o digitar de um email "urgente" e dois dedinhos de café, Lia havia se lembrado de si mesma. Logo, tudo o que ainda guardava de sonhos, dons, talentos e vida dentro dela começou a borbulhar no estômago, como se quisessem sair, sentir a liberdade, o vento no rosto mais uma vez. Como se gritassem: "Lia, nos solte, assim libertaremos você!", mas um novo email entrou na sua caixa, e todos os sentimentos vibrantes voltaram a se esconder. Ela tinha uma caixinha especial pra eles, bem no fundo da alma, entre o desejo e o arrependimento. O dia foi passando, rapidamente, como outro qualquer. Lia voltou pra casa, levando o trabalho extra. Depois de um banho quente para relaxar, sentou-se no seu escritório em frente ao laptop, e enquanto ele abria algo lhe chamou à atenção: uma lua redonda, viva, brilhante a observava do alto e para Lia, foi como um renascer de esperança.
Sorriu, desligou seu computador e dormiu leve, como aquela jovem questionadora, que depois de um dia cheio de devaneios, repousava serena. Lia despediu-se ali de suas escolhas exatas que nada tinham de certeiras e quem sabe, talvez acorde mais menina... Era quase meia noite.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Tão perto e tão longe...


Você cruza uma esquina, passa por uma rua movimentada e esbarra num deles. Engraçado como os olhares nunca se encontram, e se isso acontece, logo viram-se os rostos como se se tratasse de algo proibido ou desagradável. Já experimentou entrar num metrô e olhar nos olhos de alguém? No mínimo te acham louca, o que está interessada em sexo, algo do tipo. Diria que na nossa sociedade então, os olhos são um ponto dificil de ser alcançado. Talvez o último, o mais íntimo, o que mais fala sobre o que vem pulsando dentro do peito. Muitas vezes andando pelas ruas, ou no ônibus, enxergo ao longe alguém sentado, olhando o horizonte, ou duas pessoas discutindo, e me pego pensando: "o que será que se passa dentro do coração dela agora? Quais serão suas dores gritantes, suas faltas, seu momento de vida..." Fico imaginando se aquela pessoa desconhecida seria alguém que me acrescentaria de alguma forma e se eu poderia acrescentá-la e tirá-la talvez daquele estado de espírito. Fico pensando, "por que choras?" e sinto vontade de perguntar, dar um abraço, dizer que tudo passa... Porém, mais uma vez, seria essa uma loucura, uma estranheza, talvez aos olhos do próprio desconhecido?
"Quem é essa louca do nada querendo me consolar?" Só sei que em mim pulsa essa curiosidade, esse olhar para um outro de que de nada sei, essa sede de acalmar o mundo, a alma.
Faz tão bem sentir-se um com o crowd num show, onde todos gritam numa só voz aquela musica que mudou sua vida, ou numa passeata, buscando um mesmo objetivo, ou numa oração, com os corações unidos e voltados para um único. Mas ainda que juntos, somos singulares, únicos, complementares nas nossas diferenças.
Não sei, acho que as vezes, minha sensibilidade transborda e chego a me "assustar". Tenho um coração que sente de mais, não fica na beira, vai profundo: sofrendo, doendo e sorrindo tudo sempre na mesma intensidade, tudo numa mistura de melancolia e felicidade. Não sou desse mundo...

"Metade inteira chora de felicidade"
Maria Gadú

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Menina



A notícia chegou pra mim como uma pétala de rosa alcança o chão, leve, suave, envolta em beleza. "Uma irmã mais nova!" Quantos anos havia esperado por um momento como aquele, por uma alegria tão grande que não me cabia dentro do peito.
Hoje, 12 anos depois, imagino que além da alegria, tenha sido tambem como um alívio, uma necessidade de dividir com alguém que realmente entendesse.
Depois de um mês de muito calor, ela chegou, como um presente meu. Cabelo ralinho, claro, 10 dedinhos do pé, 10 dedinhos da mão: perfeita. Lembro até hoje do temporal que caiu quando fui visitá-la, o que me "obrigou" a passar a noite no hospital. Eu não me importava. Só queria estar perto dela, ver cada movimento, cada som, cada detalhe. Parecia tão frágil...Mal dormi, de tanta excitação. Quando minha mãe já estava bem pra ir pra casa e a enfermeira nos entregou aquele embrulhinho rosa, lembro ter pensando: " e agora?! é isso?! levamos pra casa, assim, sem nenhum ajuda?!" Hoje fico pensando como será quando meu filho vier... A vida com ela era outra. Alegria, brincadeira, choro, novidade. Minha irmã era linda, fofa, minha bonequinha. Lembro até hoje dos primeiros passos na sala, das gargalhadas que soltava quando eu conversava com ela, de como gostava que a carregasse como "banquinho" e de como ao começar a falar, me chamava "imã, imã!" Bastava um olhar dela, pra me arrancar um sorriso. O dia que a deixei cair, chorei tanto, mas tanto, certamente muito mais que ela. Ela sentia cosquinha no pulso, por causa das dobrinhas extras e me achava a pessoa mais interessante do mundo. Me lembro o quanto crescia rápido, pois marcávamos sempre sua altura atrás da porta do quarto. Um dia ela chegou e me disse: "Desculpa, vc disse que não queria que eu crescesse, né? mas eu não consigo parar!" Eu ri, tantando concertar aquilo e mostrá-la como era lindo que a cada dia ela estivesse maior, não só em centímetros, mas em coração.
Queria ensiná-la sobre a vida, sobre o mundo lá fora, e o de dentro, sobre como é importante amar sua familia e ao mesmo tempo tornar-se independente dela em algum momento, sobre como os amigos são nossos aliados, nossa força e maior fonte de risadas, sobre como Deus precisa estar no centro do seu coração, para que todo o resto simplesmente flua... Sobre como ela deve sonhar sempre, sem deixar que lhe digam que seu sonho não tem sentido, sobre como meninos vão se aproximar e que alguns deles simplesmente não vão valer a pena e a farão sofrer... Sobre como esses que não valem a pena são os que um dia nos ensinam a valorizar o que vale todo sacrificio. Ou nem todo, pois é preciso se respeitar antes de se doar completamente a ele. Queria ensiná-la sobre as coisas simples, sobre olhar o céu, as flores, as borboletas... Sobre como algumas pessoas passam pela nossa vida e deixam muitas saudades, mas deixam um pouco delas em nós e nós, também a modificamos. Queria mostrá-la que se quiser pode andar de skate, dançar forró, balé, ser atleta, médica ou costureira, desde que coloque todo o seu coração no que for. Queria mostrar pra ela como ler é enriquecedor, e como os livros e os filmes que assistir vão pouco a pouco, moldando seu ser e fazendo parte de quem é. Queria ensiná-la sobre o mistério da música, o valor de um abraço, a intensidade do tempo. Queria que entendesse que as pessoas são diferentes, e que isso não é necessáriamente, um problema - muitas vezes, é a solução. Queria que soubesse que há tempo pra tudo, e que não precisa ter pressa em virar "gente grande", pois do seu tamanho, há toda ternura, inocência e beleza que um ser humano possa alcançar em toda uma vida. Queria que pudesse sempre se sentir feliz, amada, linda, sem tornar-se metida e sem achar-se melhor que ninguém. Queria alertá-la sobre as amizades falsas, os momentos de solidão e o risco da rejeição... E dizê-la que para os meus braços, sempre poderá correr.

Mas hoje, 12 anos depois, ouvindo-a contar sua vida de menina vejo quem precisa mesmo aprender o quê.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Além de um clichê



Basta ela rir
e logo um universo inteiro se abre.
Se o abraço se demora, as paredes se tornam opacas, sem brilho nem cor.
Mas quando ela chega,
e inclinando a cabeça pro lado sorri com ternura,
as cores brotam dos poros invisíveis das paredes, antes mortas, sem vida,
e tudo se faz novo.

Seu sorriso é inteiro
os olhos ficam apertados, transbordando alegria
a face se faz rubra, e o nariz um pouco empinado
Instantaneamente os braços se abrem, e nos convidam para um abraço
envolto de verdade
Foi assim que o Pai a fez: como uma pintura perfeita
na sua forma singular.

Ela é dona da beleza mais pura, que só cresce com o tempo
e o tempo com ela.
Suas palavras são música, mistério e luar
seus elogios, são como a rocha, fortalecendo o que estava fraco
Se olhar de pertinho,
é possivel encontrar aquela menina
que corria atrás do irmão
aquela, que gostava de pular e andar descalça pelo chão

Filha, mãe, irmã, AMIGA.
Julia é pura poesia
é magia, é segredo guardado
é um afago colhido, um carinho que aprendi
Viver junto significa amar sempre mais
Dividir e sentir forte em mim o que lhe dói, se o sorriso por acaso lhe abandona...

Mas ele sempre volta,
pois o amor, o mesmo que o colocou ali
o manterá, o trará ainda mais frouxo
Pra minha alegria, pelo brilho do sol, pela força da lua.
O riso sempre volta,
suave e rico
Como as gotas geladas no verão
Ou um pão fresco de padaria.

O sorriso puro
O seu sorriso
Só-o-riso.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Bolhas de sabão



Era mesmo assim, calado. De inicio, com palavras e certezas, dizia pouco. Sua linguagem não-verbal era, do contrário, muito intensa. Ao menos a ela. Um dia desandou a falar, contava, se abria, desabava sobre uma mulher que era mesmo uma mistura de doce com força, ternura, medo e franqueza. Mas o não-verbal permanecia, e juntas as duas formas de se comunicar a encantavam e ao mesmo tempo a invadiam com violência. Uma constante dualidade. Ele sabia. Falar-se no olhar lhes fazia muito bem. Ela pensava, pensava muito, sonhava, dividia, sentia. Ambos pareciam sensíveis a tudo, por vezes até de mais. À vida, ao que doía, ao que gritava por dentro, ao que lhes faltava. Tornaram-se, de uma forma muito excêntrica, complementares. No abraço, sentiam a verdade, mas na palavra, na procura, na realidade, tudo era sonho, fantasia. Ou seria a fantasia, uma realidade? Algumas coisas ficaram no caminho, juntaram-se com muitos nós e interrogações e perderam-se. Outras, por certo entraram, marcaram até sabe-se lá quando, ou com que profundidade... Era mesmo assim, indefinido. E não deveria ou poderia ter sido de qualquer outra forma. Calados, permaneceram. E então, aquele mundinho tão intimo, pessoal e fantasioso foi se afastando, indo pra longe como bolhas de sabão, tornando-se então, apenas saudade.



"Creio que aqueles que mais entendem de felicidade são as borboletas e as bolhas de sabão...Ver girar essas pequenas almas leves, loucas, graciosas e que se movem é o que, de mim, arrancam lágrimas e canções." Friederich Nietzsche

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Renovo



De repente, você me acorda, com aquele vento suave que me lembra que é quarta-feira. Levanto de súbito, com uma mistura de moleza e pressa, mas contente sabendo que estás ali comigo. Escovo os dentes, tomo um banho rápido, coloco uma roupa. Dou bom dia para a gata, que cisma em me querer ao seu lado pra comer. Saio e me deparo com o sol brilhando lá fora, como na maioria dos dias. As flores estão mais bonitas, coloridas, mostram a riqueza que há num mundo que as vezes sinto que perdi o costume de admirar. Peço que me ensines a olhar cada esquina com olhos de turista. Ou de criança, onde além da curiosidade, há pureza. Pego meu carro até o ponto, como nos dias comuns. Espero o ônibus, que mesmo com meu atraso, ainda não passou e fico aliviada. Parto então para uma quarta-feira mais ou menos como as outras, mas com um sentimento diferente dentro do peito. Sei que ainda estás ali. No dia anterior, antes de dormir, lembrei de ti, mas tu não esqueces de mim um minuto sequer. E penso que esse relacionamento é o mais rico que tenho, pois quando meu peito dói e começamos a conversar, aos poucos me sinto mais leve, limpa. Quanto mais palavras sinceras te digo, quanto mais abro meu coração, menos peso permanece em mim. Obrigada. Os dias comuns, com disse o Josú outro dia, são maravilhosos. Claro que gosto de novidade, surpresas, mudanças. Mas nos dias comuns, não há grandes dores, nem pranto, ou doença, acidente, ou morte. A caminho do banco, me deparei com um fim de tarde de tirar o fôlego. Como é lindo esse cenário, que ainda que pareça o mesmo todo dia, se prestarmos bastante atenção, há sempre nuances no espetáculo diário. É preciso estar sensível a elas... Nos dias comuns,tenho as coisas simples, que me colorem o dia. Minhas cores são pessoas, abraços, elogios, sorrisos, o toque, o ônibus que chega, o filme que eu sempre quis ver, o meu livro preferido dentro da bolsa e algum tempo pra ler, esbarrar com alguem especial, conseguir terminar um projeto - ou andar um pouco com ele, matar alguma saudade, ter uma cama gostosa, um edredon fofo, e uma conversa contigo. Pra dizer, obrigada pelas coisas simples, pelos dias comuns, pelo vento com som de riso... E por fim, me deito de novo, normalmente com a cabeça cheia: problemas, afazeres, sonhos, planos, nostalgia. Então entrego, repouso, e quando falo um pouco mais, já nem sinto, já nem penso, já adormeço. De repente.

"Canto coisas simples
que alguem me contou
canto a beleza
que o olhar notou
canto o que eu não via
e o que pra mim se revelou
canto a alegria
sei pra onde vou"
CROMBIE

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Gosto



Gosto do gosto seu
do abraço que aperta e encaixa bem no meu
Gosto do certo, do carinho e do cantinho
que é só meu

Gosto desse cheiro seu
do modo que me olha, da janela da tua alma
me lembrando nossos parques
nosso tempo tão livre
nosso conhecer
das cidades novas, das ruas,
dos pubs e dos corações

O gosto mudou, ficou mais amigo
menos moleque, mais bandido
menos sem jeito e mais certeiro,
mais bonito

Mas quando olho nos olhos teus
vejo o mesmo menino
vejo aquela verdade que me comoveu
que me lembrou que a vida era muito mais
mais cor, mais sonho, mais amor.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Apagão - micro e macro


Inspirando-me numa velha amiga (não que seja a amiga uma velha, mas por nos conhecermos há anos e ao mesmo tempo não nos vermos há séculos), senti vontade de expor meus sentimentos quanto ao apagão de ontem.
Deixando de lado a revolta quanto a nossa vulnerabilidade diante de tal fato, e a dificuldade que muitos provavelmente passaram, sinto dizer que gostei.
Fora o calor que estava naquela noite, foi bom perceber que minha necessidade de uma cama e de um silêncio foram muito maiores do que o vicio de uma internet ou uma televisão ligadas o tempo todo. O barulho constante nos impede de ouvir o nosso próprio coração...E mais ainda o coração alheio. De qualquer forma, até meu celular (que virou Vivo) parou de funcionar - e isso eu com minha mente nada matemática ou científica não pude explicar - mas o fato é que fiquei incomunicável.
Meu pai acendeu as velas e desceu, achando mais fresco no sofá.
Eu deixei uma velinha simpática ao lado da cama, e fiquei ali parada, olhando-a. Como era simples sua forma de existir, de ser no mundo. (Pensamento um tanto idiota levando em conta as obrigações impostas pelo mundo moderno), mas me contentei com ele, de verdade e ali pensei, numa vida mais simples. Peguei a máquina e me diverti clicando nas luzes, penumbras e sombras, ao som da chuva caindo nos galhos das árvores, que me relaxavam. Não pensei mais na minha monografia, no dia seguinte, ou em tudo que eu ainda queria ler antes de dormir. Não pensei em ninguém, só no escuro, no dormir sem lençol e na janela aberta, com os pingos caindo, como numa dança sincronizada... Logo conclui: bem melhor que aquele outro barulhinho que dita nossas vidas: "tic-tac-tic-tac-tic-tac..."
Pensei que às vezes é bom simplesmente parar. Olhar em volta, sentir o ar entrando e saindo, sentir os afetos, as faltas, as angustias, as dores e perdas, sentir as saudades, os amores, as amizades, as vontades, os prazeres. Só olhar e sentir, sem cobrança, sem pressa, sem luz. Vá pelo tato, pelo cheiro, pelo que lhe parece melhor, mais seguro ou até mais arriscado, mas vá pelo que lhe chame. Se a luz estiver forte de mais, feche os olhos e ouça... afinal, já nos disseram tantas vezes: "O essencial é invisivel aos olhos". (Antoine de Saint-Exupéry)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Entre



Um e outro
O percurso entre inicio e fim
quantos meios até chegar?
No encontro verdadeiro
deixo um tanto
e outro tanto, guardo em mim
Onde a vida se acha?
No pouco que perdi
no tanto que ganhei
nas palavras que gastei
soltas no ar
até um outro encontrar
permanecer
Entre, e ao sair,
leve um pouco de mim
Partindo, você ficou aqui
sem nem saber
Faltou notar
que a vida
acontece no entre.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Tempo


Quanto tempo até o sol dar lugar a lua?
Pra lagarta virar borboleta, pra nuvem fazer chuva?
Quanto tempo até o livro acabar, a página virar, o novo aparecer?
Até a mudinha virar árvore, a banana amadurecer e a noiva dar seus passos no altar?
Quanto tempo?
E será mesmo que esse tal de tempo é o essencial?
Ou o jeito que o abraço se encaixa, por minutos sem fim?
A capacidade com que duas amigas sorriem com os olhos, e isso basta: se entendem.
Ou quem sabe o click no momento perfeito de um pôr do sol, receber um cartão singelo que não esperava, dividir um café, um sorvete, ou uma pizza com alguém que acrescenta simplesmente por estar ali.
Na vida, o tempo, o cronológico, tanto faz.
O que me importa é o peso, o instante, a magia, o que ganho e o que deixo nos encontros tão amplos e aparentemente banais.
O que fica no fundo, é isso.
O tempo que se dá, que se ganha ao se perder.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Caminhos


Saíram da estrada pensando: onde nos levará? Por quanto tempo ficaremos lá? Nada disso importava. O tempo, pela primeira vez na vida parecia estar ali, disponível para os dois. Andaram durante horas, sentindo o vento quente no rosto e escutando os Stones tocando no rádio. "It was just my imagination, once again
Running away with me" Eles gritavam e riam e voltavam a cantar, tudo na mais perfeita sintonia. A estrada reta, o sol brilhando e mais ninguem para dividir aquele momento. Pra ela, era o melhor dia do mundo. Sem planos, só a estrada e um grande amor. Para ele, um desafio, deixar para trás todas as preocupações, a familia, tudo mais que o prendia às horas de cada dia.
Mas estavam ali. Sem celulares e sem neuroses. Foi quando ele disse:
- Porque estamos fazendo isso?
- Por nada, pela diversão, pelo risco, pela vida! - Respondeu ela, sempre tão sensitiva, sem notar dessa vez que o tom da pergunta indicava um certo pavor. Ele então a fitou com um olhar gélido que tudo dizia, e que consequentemente a deixava sem a menor coragem de perguntar. Os silêncios entre eles sempre tinham sido tão profundos, cheios de paz e verdade.
- Rafa, pra onde você está nos levando? - Foi a única coisa que ela se sentira capaz de dizer, esperando que ele não respondesse no sentido literal, e daquela vez fosse além das palavras ditas e demonstrasse os sentimentos. O solo da guitarra os acompanhava e parecia esticar ainda mais aqueles segundos sem fim.
- Sempre achei que fosse pro resto de nossas vidas, mas hoje, acho que preciso te deixar do outro lado.
A música de repente parecia não estar mais tocando. Tudo que Nina ouvia era o bater acelerado do seu próprio coração. Nem mesmo a lágrima quente, que parecia presa aos seus olhos conseguia descer. Era como se o vento não soprasse mais, a estrada parecia ter encontrado uma barreira tão grande, que impedia o carro de andar um milímetro sequer.
- Quero descer. - Foi tudo o que conseguiu dizer, enquanto a música chegava ao fim, junto com sua própria sensação de ter um chão onde pisar. "But in reality, she doesn't even know... me"
Seu coração havia saido de um extremo a outro, em uma unica canção. Nina não entendia. Mas contentou-se no seu não entender e seguiu em frente, numa estrada diferente daquela. Até então, precisava seguir só.

Uma homenagem à Clarice


"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."

Clarice Lispector

domingo, 1 de novembro de 2009

Nada


Nada, fada, mala, vaca... O que mais rima com nada? E de onde ele vem?
Tem dias assim, que me dá uma vontade de nada, de estar, de não pensar, não trabalhar, não se engajar, não lutar, não correr. Parece que tudo é vaidade. Mas então paro e percebo, que a vontade de um "nada" já é alguma coisa. Que querer parar, desacelerar, se deixar descansar, também é vida, é fase. Talvez, seja mais uma casca que se vai, jogada fora. Há muito que me inspira, me alimenta, me nutre a alma. Mas tem muito também que me tira o desejo, a vontade, a sede do novo, ou da renovação do velho, que seja. Hoje é um dia meio assim, domingo chuvoso, por dentro e por fora.

sábado, 24 de outubro de 2009

Vendaval


Tem dias que o sol brilha tanto,

que dá preguiça seu brilho enfrentar

Fico brincando de esconder na sombra,

até que uma nuvem chegue pra salvar.


Tem dias que a noite vem leve

Quase que como as ondas do mar

E de mansinho celebram a vida

Que o dia pediu só pra si


Tem dias que são belos, claros e raros

Que o presente ganha mesmo o peso que tem

De agora, de carpe diem

Mas mesmo assim, o coração fica lento

Querendo noticias de alguém

Que salve, que acuda, que grite

E me arranque da ostra construída


Não é que não tenha ninguém

Capaz de sacudir o viver

É que tem dias que são mesmo assim

Pra me encontrar no que baguncei

E como disse uma amiga

crises podem transformar lagartas

em borboletas azuis


Tem dias que o vento é brisa

mas dentro do peito, vendaval.


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Graça Imerecida


É bonito de se ver
O laço que se fez
O amor que um dia nasceu em vocês

Faz verão, é doce e terno

E tem valor eterno

Amiga em todo o tempo

Que no dia-a-dia da nova vida

A beleza frutifique

O riso fique ainda mais frouxo

E as rimas, mais ricas
Que as vozes cantem no mesmo tom
E que os corações unidos em um

Tenham a vivacidade de mil


Que o abraço ganhe um encaixe perfeito

Quase que como um nó
Mas que seja um nó bem dado

Com espaço para outros laços

Sabendo ainda, que a força que os une, fica na terceira ponta...


Que nos momentos de terremoto

A terra acalme em tempo certo

Lembrando que não há perfeição
Mas há O perfeito que cuida

Que na distância, saibam construir pontes

Na queda, um passo de dança

E na interrupção, um caminho novo.


O amor de vocês faz sorrir

Transborda em beleza
E relembra como é bom estar aqui!

O futuro, é certo, será florido

Céu azul daqueles lá fora!

Por fim, basta um sorriso.
O resto, aflora...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Ele, Ela


Ele, largado, cansado, perdido.

Ela, menina, tímida, medrosa.

Entre risos, conversas, piadas, carinhos e confissões

contra tombos, lágrimas e imperfeições

Foi então que aconteceu.

E no meio desse mundo louco foram se encontrar

enfim as coisas pareciam ter seu próprio lugar

Nela, perdido se achou

Nele, medrosa se encheu de esperanças

Nada mais importava, que não dissesse respeito àquele amor

E foi bem no meio desse mundo louco...

Logo ali, de onde se espera tão pouco.



quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Três

três

De repente
eram só três
juntas o tempo era bom.

O encontro tinha um calor familiar
e ainda assim, novo

Três pontas de um chapéu
Três Marias lá no céu
e assim como as panteras
ou os mosqueteiros.

Por vezes,
Ainda que sejam três
Uma única oração
Um coração apenas

O sol cala o escuro de dentro
o choro encontra aconchego
e derruba o muro entre os mundos

De repente
eram só três
Mas não eram mais sós.