quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Primeira pessoa



Esse post será na primeira pessoa, um post meu mesmo, do inicio ao fim. Pensei em escrever um pouco como fazia na adolescência, sem preocupar-me com censuras, com besteiras ou arrependimentos. Houve uma época em que pensei que escrever sobre coisas boas, felizes, perfeitas era quase que impossível. Achava que só no meio da dor, do nó, da saudade e do desamor o texto era bom, pois as palavras jorravam como numa queda d'agua. Continuo acreditando que na "fossa" tudo parece mais poético, que da melancolia se faz arte: música, poesia, cartas jamais enviadas, rabiscos que viram desenhos, o caos que de alguma forma encontra criatividade. Encontro beleza na dor, e acredito ser essa também uma arte na vida. Mas hoje estou alegre, muito alegre! Nos ultimos dias, meus olhos puderam apreciar belezas indescritíveis, incomparáveis. Pude não só ver, mas sentir a areia fofa, o sol na pele, a temperatura fresca do mar, o abraço do vento, a simplicidade que a vida pode ter. Viajar é tão natural para mim, tão vital. Meu coração sentiu o renôvo das marés, o pôr do sol,  os abraços diários de quem me parece completar. Senti também a humildade do menino guia, que deixou meu coração cheio. Encontros, que são raros, mas tão marcantes. Sinto que jamais esquecerei daquele olhar de criança, misturada com uma vida adulta. Os olhos verdes marcantes da menina, a risada do nordeste, risada mole, que continua, que leva com ela as preocupações, as inúteis preocupações com o amanhã... Vida mansa? Não se trata disso. Mas certamente, um sorriso leve, uma força extrema e uma certeza de que a terra que têm é rica e bela, muito bela.

Sempre que volto de um lugar diferente, de um momento único, sei que parte de mim ficou ali. Com a fotografia, tento capturá-las, segurá-las num breve instante, até a eternidade. Tento transformar o que vejo em sentimento, e me contento, pois sei que de alguma forma, nas cores, no olhar, guardei um pouco de mim, um pouco do meu encontro com todo aquele universo. Universo este, que se torna um tanto particular agora.

Obrigada, obrigada, obrigada!

"Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação
para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as
praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como,
afinal, as paisagens são."
Fernando Pessoa


"Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração" Henri Cartier-Bresson



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