domingo, 19 de setembro de 2010

A arte da contemplação

Muitas coisas me inspiram.
Mas a mais pura verdade é que a nossa vida como membros de uma metrópole caótica, mais destrói, desintegra e maltrata, que o contrário. A vida como a conhecemos hoje nos informa tanto que perigamos permanecer na superfície. É o momento onde a diversidade e a facilidade nos engolem. Estamos sujeitos a, da mesma forma, construir laços rasos e fracos, tanto com as pessoas quanto com o próprio Deus. Muitos não procuram sequer conhecer-se a si próprios, e entender suas particularidades mais profundas. Tudo está ao nosso alcance, os desejos foram liberados e portanto, misturados, confundidos, distorcidos. A existência pode girar em torno do nosso próprio umbigo, e com ela, vem a sensação de que corremos atrás do vento.
A cada dia sinto que o segredo está no mais simples: parar, olhar em volta, contemplar o céu, que nos fala de nós mesmos, do caminho diário, de uma busca, de um encontro. Tudo tem seu lugar, seu tempo. A vida não precisa ser corrida, atropelada, acelerada. A vida pode ser um simples olhar para o céu, o contemplar de um pôr do sol. Espiritualidade, paz, presença de Deus, nada disso é complexo, ou distante. Está ali, no voo de um passarinho, nas cores de cada flor, no sol, nas estrelas, na força do vento. Deus nos fala, nos canta, nos chama para que entendamos que o nosso coração precisa dessa paz e desse sopro. Mas a diversidade para que somos chamados não nos permite enxergar o que é mais singelo.
É sufocante tentar segurar o tempo, atrasar os ponteiros do relógio, aproveitar ao máximo, entregar tudo certinho, produzir em tempo integral, agradar a todos que reclamam nossa presença, ser pai, mãe, ser forte, magra, rico, filho, irmão, amigo, marido, funcionário, chefe, mulher, homem, ser humano... Muitas vezes nos perdemos em tantas versões de nós mesmos dentro de uma realidade completamente disfuncional. As pressões são constantes, vem de fora e de dentro, e tem nos feito adoecer. A cura está numa existência que procura investir no que vem de dentro para fora. O caminho é contrário ao que nos é forçado goela abaixo: silenciar o coração, assistir à beleza de Deus revelada através da natureza, ouvir com a alma. O pôr do sol é democrático, não há quem não possa observá-lo. A oração, a meditação, nos fazem criar fronteiras com o mundo barulhento e guardar o nosso coração.
Graças à Deus, muitas coisas me inspiram...

* Inspirada pela pregação do Pr. Leandro, e pelos espetáculos diários, que não me canso de contemplar.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

E você? Tem medo de que?

Medo de cair
de não subir
Medo de errar
e de desistir
Medo de perder
de machucar, de exagerar
Medo as vezes de respirar
Medo de continuar, de acreditar
Medo de escuro, de barulho
e as vezes, medo do silêncio cortante
Medo de magoar, de marcar
Medo de não esquecer
Medo de querer, medo de se perder...

E ela, 24 anos de idade, missionária na China, que vivia num constante risco de ser morta, ao ser questionada quanto ao medo de morrer, responde assim: "Não. Só tenho medo de viver sem ter feito a vontade de Deus. Esse é meu único medo".

Medo de não ser esse meu único medo.