quinta-feira, 24 de junho de 2010

Todas as idades do mundo

Desperto às 2h da manhã num susto
As lágrimas escorrem, quero colo
um colo que me aninhe sem cobrar nada
me sinto aos 5 de novo
e volto a adormeçer.

Nas primeiras horas do dia
os pensamentos preenchem a lembrança do sonho infantil
e as preocupações me invadem
Tomo meu café lendo o jornal
e me sinto aos 90, numa velhiçe sem ânimo
ansioso por um pouco de nada.

Vou para o trabalho, mais um dia que passa
com o correr das horas tudo faz mais sentido
Perco um tempo no trânsito,
mas ganho outro com um amigo
Faço planos, mexo no passado
e brinco com a sobra que se recria em mim
Quero dançar, correr
e fotografar a chuva a cair

O chefe chega, sou adulto
logo volta a concentração
Me enquadro e me perco constantemente
Ninguém é como eu
mas sou como todo mundo

Já são seis horas, posso sair
Que será que me aguarda do lado de fora?
Desejo que pulsa, opções sem fim
Ainda que os caminhos só existam quando passamos por eles
Ligo o meu carro
afasto o pensamento adolescente
Já em casa, beijo minha filha
e conto pra ela uma história
pra que ela durma em paz

O sono reaparece e volto a sonhar
É então que percebo: tenho em mim todas as idades do mundo.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

AnaJulia

Saudades de você na minha casa, de te ligar assim que algo importanto acontece, do seu sorriso pra mim, do olhar maternal, de sentir seu abraço, de chorar no seu ombro, de te dar as mãos, de ver filme, comer feito loucas, fazer brigadeiro com bolotas, rir até a barriga doer. Saudade de dividir segredos, de expor a alma, de me (re)conhecer em você. Saudades da gargalhada gostosa de Cauã, de fazer cosquinhas no joelho dele e de pensar ao vê-los juntos que um dia quero ser a mãe que você é.
Saudade das nossas orações tão sinceras, num quarto-secreto com lugar para três. Saudade da sua voz, fosse no tom que fosse. Saudade do seu cantar e do vôo que nossas mentes faziam juntas. Saudade da presença física, de saber que te tinha "logo ali".

Não estamos separadas, não na mente nem muito menos no coração, que é um só. Os emails me alegram e emocionam, são o colorido dos dias. Espero o dia de matar a saudade do que a internet não nos permite viver. Mas enquanto isso, daqui, sorrio e te abraço como posso.
Comigo mesma, penso em paz: esse laço nenhuma distância desfaz.