terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Lua Minha


Não eram nem 5h da manhã. O miado em volume um pouco mais baixo que o normal me dispertou. Levantei para direcioná-la para fora de casa, de um jeito um pouco diferente das outras noites. Não queria que ele acordasse e tivesse um dia ruim por conta do cansaço... desci, forcei um pouco a saída dela, e voltei pela escada. Quando cheguei na saleta, uma luz me puxou: era a lua, redonda e especialmente brilhante naquela madrugada de terça feira. A sensação dentro de mim é que era impossível ignorá-la, não olhar com mais calma. Tentei fotografá-la, inultimente, como normalmente acontecia com a lua. Ao contrário do sol, ela era tímida, e ao mesmo tempo exibida e marrenta. Não se deixava captar, escondía-se em meio a escuridão que a cercava. Então, me rendi àquele momento, que era o que me restava. Admirei-a, enquadrada perfeitamente entre a folhagem das árvores, através do vidro da minha janela entre aberta. E não pude guardá-la numa fotografia, mas ela ficou em mim. Uma lua que me leu numa noite quente de verão. Talvez a lua mais bela que já tenha visto em toda a minha vida. Simplesmente da janela da minha sala, de um ângulo que pra mim era totalmente novo, numa altura tão perfeita que me imaginava quase podendo tocá-la. A lua que me tirou o sono e o folêgo. E me trouxe de volta a inspiração, o desejo pela vida-de-cada-dia e a esperança. Apenas por aparecer pra mim, como se na verdade me buscasse. A lua que me fez sentir mais perto de Deus. Não era uma lua qualquer... ainda que fisicamente distante, era uma lua só minha, a minha lua que entrava na minha casa pra iluminar não só o ambiente, mas a minha alma.

Não fui capaz de fotografar aquela lua, mas ela certamente tirou muitas fotos minhas.