terça-feira, 7 de agosto de 2012

Na estrada





A folha em branco. Os olhos diante na máquina de escrever. Nenhuma letra sequer. Nada.

A estrada vazia. Dentro do carro, seguindo pelos quilômetros sem fim, uma reta única, árida, vaga. No meio do nada.

Ambas incertas. Firmes, porém perdidas, sem limite. Até onde irá a estrada? Onde se vê a próxima curva? Como se inicia o texto, como construí-lo, bordá-lo, nitri-lo, como? Por onde começar? 
As letras, antes de unidas em palavras, e então frases, são apenas letras. Sozinhas. Separadas. Sem sentido.

Uma estrada vazia. Uma folha em branco. Que será mais angustiante que isso?

Um coração que anda em linha reta, sem nada encontrar, vendo sempre a mesma paisagem. Ou que, na tentativa de criar laços, vê letras, mas não consegue reunir frases. Talvez seja ele sim, o mais vazio de todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário