A folha em branco. Os
olhos diante na máquina de escrever. Nenhuma letra sequer. Nada.
A
estrada vazia. Dentro do carro, seguindo pelos quilômetros sem fim, uma reta
única, árida, vaga. No meio do nada.
Ambas
incertas. Firmes, porém perdidas, sem limite. Até onde irá a estrada? Onde se
vê a próxima curva? Como se inicia o texto, como construí-lo, bordá-lo, nitri-lo,
como? Por onde começar?
As
letras, antes de unidas em palavras, e então frases, são apenas letras.
Sozinhas. Separadas. Sem sentido.
Uma
estrada vazia. Uma folha em branco. Que será mais angustiante que isso?
Um
coração que anda em linha reta, sem nada encontrar, vendo sempre a mesma
paisagem. Ou que, na tentativa de criar laços, vê letras, mas não consegue reunir
frases. Talvez seja ele sim, o mais vazio de todos.
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