segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Sobre os encontros

Foto: Henri Cartier Bresson

Sempre tive um certo fascínio em relação a encontros. Não estou falando apenas de encontros românticos, mas toda sorte de encontros que vivenciamos por aí. Só por conta desse tal de exisitr.
Aquela pessoa, que você poderia nunca ter olhado, com quem poderia nunca ter falado, se tornou simplesmente sua melhor amiga. Como? Quando? E se o encontro não tivesse acontecido, como hoje seria você? Seria a mesma pessoa? Penso que não. Cada encontro nos perturba, comove, modifica. Geralmente pra melhor. Cada encontro é transformação, é nó. Nó que vira laço, pra ficar mais bonito.
Cada encontro gera como que uma terceira vida, aquela, que nasce depois do esbarrão.
Tem gente que nem precisa virar a melhor amiga, mas só de passar pela sua vida, deixa um tanto de amor. Geraldine, a senhora sorridente que, todos os dias, passava pelos enormes corredores do aeroporto de Ohio empurrando um carrinho de limpeza. Todo dia sorria, todo dia espalhava sua paz. A paz de Geraldine me alcançou pra nunca mais soltar. Ela me deu seus sorrisos, eu devolvi com abraços, presentinhos e orações. Depois de quatro meses convivendo com ela, voltei para o meu país, mas nunca mais esqueci seu rosto. Suas marcas profundas de um rosto quase idoso, mas ao mesmo tempo, traços suaves como de um desenho que começa numa folha em branco. Ela era só pureza. E mesmo não sabendo quase nada da sua vida, nem ela da minha, mesmo sendo apenas sorrisos, “good mornings” e jornais divididos, a guardo comigo. Gostaria de ter alguma fotografia dela, mas nem isso. Ainda assim, o tempo não pode jamais levar Geraldine de mim. Não preciso vê-la, pois a guardei aqui. Dentro.

Sempre tive um certo fascínio por esse tal de encontro. O encontro aparentemente tão banal, que é no fundo,  extraordinário. 

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