quinta-feira, 24 de junho de 2010

Todas as idades do mundo

Desperto às 2h da manhã num susto
As lágrimas escorrem, quero colo
um colo que me aninhe sem cobrar nada
me sinto aos 5 de novo
e volto a adormeçer.

Nas primeiras horas do dia
os pensamentos preenchem a lembrança do sonho infantil
e as preocupações me invadem
Tomo meu café lendo o jornal
e me sinto aos 90, numa velhiçe sem ânimo
ansioso por um pouco de nada.

Vou para o trabalho, mais um dia que passa
com o correr das horas tudo faz mais sentido
Perco um tempo no trânsito,
mas ganho outro com um amigo
Faço planos, mexo no passado
e brinco com a sobra que se recria em mim
Quero dançar, correr
e fotografar a chuva a cair

O chefe chega, sou adulto
logo volta a concentração
Me enquadro e me perco constantemente
Ninguém é como eu
mas sou como todo mundo

Já são seis horas, posso sair
Que será que me aguarda do lado de fora?
Desejo que pulsa, opções sem fim
Ainda que os caminhos só existam quando passamos por eles
Ligo o meu carro
afasto o pensamento adolescente
Já em casa, beijo minha filha
e conto pra ela uma história
pra que ela durma em paz

O sono reaparece e volto a sonhar
É então que percebo: tenho em mim todas as idades do mundo.

Um comentário:

  1. lindo!
    temos mesmo.de todas um pouco.
    perdemos um pouco de cada e em cada, e ganhamos um pouco de cada em cada.

    ResponderExcluir